O processo de envelhecimento do Brasil acontece de forma acelerada. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem quase 30 milhões de idosos, ou seja, 14,3% da população brasileira. A estimativa em 2030, é que o país tenha cerca de 41,5 milhões de pessoas com idade superior ou igual a 60 anos.
A evidente mudança demográfica do Brasil pede serviços e plataformas que promovam e garantam mais qualidade de vida para a população idosa. As tecnologias digitais aplicadas à saúde proporcionam avanços importantes, por meio de governanças que busquem a melhoria dos padrões e bem-estar da sociedade. Essa é a principal diretriz do Laboratório de Redes Inteligentes e Integradas de Saúde- LARIISSA Saúde Digital da Fiocruz Ceará, que trabalha construindo agenda interna sobre o tema e desenvolvendo estratégias para o setor.
Uma dessas tecnologias está sendo desenvolvida, desde março, para a saúde digital do idoso. A Plataforma Saúde Digital do Idoso funciona em smartphones, tem duas interfaces (profissional e cuidador) e é a primeira tecnologia desenvolvida no Brasil, que fornece um conjunto de elementos e informações de forma sistêmica permitindo a integração entre médicos e/ou enfermeiros e paciente/cuidador, especialmente de idosos dependentes. Por meio do aplicativo, o profissional de saúde cadastra o idoso que necessita de acompanhamento domiciliar com informações detalhadas sobre o seu nível de dependência, doenças associadas, medicações em uso, entre outras informações, gerando um plano de cuidados para orientação da provisão pela família e/ou cuidador.
O aplicativo, ainda em fase de desenvolvimento, compõe o portfólio de projetos tecnológicos do pesquisador da área de saúde da família da Fiocruz Ceará, Odorico Monteiro, e é financiado pelo Programa INOVA FIOCRUZ da Vice-presidência de Pesquisa e Inovação da Fiocruz. De acordo com Odorico, o ecossistema de Saúde Digital pode promover a inclusão de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, conforme estudos da Organização Mundial da Saúde.
“Colocamos como prioridade o apoio e suporte ao idoso dependente porque o Sistema Único de Saúde e o de Assistência Social do Brasil não estão preparados para atender as pessoas que tem dificuldade de locomoção ou precisam de ajuda para saírem de casa e serem atendidos pelos profissionais. Com o aplicativo, todas as informações necessárias para o acompanhamento do paciente estarão disponíveis e existe a interface com o profissional de saúde”, defende o pesquisador.
Os incrementos do programa são acompanhados por uma equipe de médicos sanitaristas, geriatras e gerontólogos, os chamados stakeholders. A pesquisadora da área de saúde da família da Fiocruz Ceará, Ivana Barrêto, explica que foi realizada uma pesquisa online com 400 profissionais de saúde para acolher e selecionar as principais demandas. “São muitos processos ao mesmo tempo e o protótipo ainda vai passar por ajustes até ser testado pelas famílias. Iremos iniciar pelo município do Eusébio até meados de março de 2020” afirma a pesquisadora.
Atualmente, em paralelo aos ajustes no protótipo, equipes visitam famílias no município do Eusébio para escolher àquelas que irão participar da experiência dos usuários. Eles irão fornecer dados sobre o paciente da casa e fazer a interface com o profissional de saúde responsável pelo território.
O projeto, com duração de 18 meses, é realizado em parceria com os Institutos Federais de Fortaleza, Aracati e Acaraú, além das faculdades de Medicina e Ciências da Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Grupo de Redes de Computadores, Engenharia de Software e Sistemas (GREat), grupo de Ontologia da UFC, a startup cearense AVICENA que desenvolve tecnologias inteligentes de gestão em saúde, e a Prefeitura do Eusébio.
Por: Amanda Sobreira – Fiocruz Ceará